Carta à igreja de Pérgamo (2.12-17). "Pérgamo" parece
significar casamento. É a igreja mundana dos anos 313 a 600. A partir de 313
deu-se a união da igreja com o estado. Diz um antigo escritor que Pérgamo era a
cidade mais idolatra de toda a província da Ásia. Era também famosa por sua
escola de medicina. O deus da saúde - Esculápio, simbolizado por uma serpente,
era adorado aí.
"Conheço o lugar em que habitas" (2.13). O Senhor sabe o que está ocorrendo
conosco, seja onde for: em casa, no emprego, em viagens, entre amigos, ou
inimigos, quando sozinhos, ou acompanhados, etc.
"onde está o trono de Satanás" (2.13). Isto sem dúvida é uma referência à
seita pagã babilônica, ocultista, que mudou-se para Pérgamo, vinda de
Babilônia (o centro do espiritismo nos tempos primitivos), quando os conquistadores
persas dominaram o mundo. Vemos assim, que, quando o Diabo não consegue
enfraquecer a igreja pela perseguição e sofrimento (v. 10), procura fazê-lo
pela corrupção da fé, adulterando a Palavra de Deus e semeando falsas
doutrinas. Antipas, mencionado por seu nome, por Jesus, indica que Deus conhece
os seus pelo nome, bem como revela carinho e atenção pessoal. "Ele
chama pelos nomes as suas próprias ovelhas" (Jo 10.3).
"a doutrina de Balaão" (2.14) é a mistura espiritual da igreja com o
mundo, quanto às suas práticas e procedimento, perdendo ela, assim, sua
pureza e santidade. Foi isso que Balaão fez a Israel. Ele ensinou a Balaque,
rei dos moabitas, a lançar tropeços diante dos filhos de Israel para
contaminá-los. Assim, por conselho de Balaão, Israel profanou sua separação do
mal, e interrompeu sua peregrinação para a Terra Prometida (Nm 25.1-3). Diz a
Palavra de Deus em Números 25.1 que "Israel deteve-se em Sitim"
(Versão ARC), quando já estavam perto de Canaã, e a causa disso foi a que
acabamos de mostrar. O mesmo acontece hoje sempre que a Igreja se mistura com o
mundo e sua prática: ela pára, detém-se, imobiliza-se. É a união da igreja com
o mundo, como milhões estão querendo.
Há ainda dois males citados na Bíblia, da
parte de Balaão: "o caminho de Balaão" (2 Pe 2.15), e
"o erro de Balaão" (Jd v. 11).
"o caminho de Balaão" está em Números capítulos 22 a 24. Ele queria
ganhar o prêmio oferecido pelo rei Balaque e ao mesmo tempo agradar a Deus.
Impossível! Vemos hoje obreiros igualmente mercenários, abraçando o ministério
evangélico como se este fosse uma profissão rendosa. E o profissionalismo
espiritual, hoje comum nas igrejas por toda parte. Crentes que transformam as
práticas da vida cristã, tanto as individuais como as do culto coletivo, em
secularismo ou profissionalismo puro. (Ler Mateus 6.24.)
"O erro de Balaão". Balaão raciocinando do ponto de vista
natural, humano, via a existência do mal em Israel e achava que Deus,
sendo santo, devia amaldiçoá-lo. É hoje o mal do racionalismo humano dentro da
igreja. É querer interpretar as coisas de Deus - sua Palavra, sua doutrina, sua
igreja, seus caminhos - somente pela nossa mente. E a dependência do
intelectualismo. Num tempo como o atual em que a igreja toda mais e mais se
acultura, o perigo do racionalismo humano nas coisas de Deus está aí.
"a doutrina dos nicolaítas" (2.15) já foi abordada quando tratamos do versículo
6. É interessante notar que a palavra hebraica "Balaão" é
equivalente a Nicolau em grego. Deve-se observar também o progresso do mal
sobre o povo de Deus. Aquilo que era "obra
dos nicolaítas" em 2.6, tornou-se "doutrina dos
nicolaítas" em 2.15.
"uma pedrinha branca" (2.17). A história antiga dos gregos e
romanos menciona essa pedrinha:
1) Nos tribunais, os juízes tinham
pedrinhas brancas e pretas. Se o acusado recebia uma pedrinha preta, estava
condenado; se, branca, estava perdoado, liberto, livre.
2) Nos jogos públicos,
os vencedores recebiam pedrinhas brancas com seus nomes gravados nelas. Isso
dava-lhes direito e auxílio do governo pelo resto da vida.
3) Também pedrinhas
brancas eram fornecidas a certas pessoas para livre trânsito em determinadas
regiões, situações, reuniões. Era o passe, a entrada livre autorizada nesses
casos especiais.
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