quarta-feira, 26 de outubro de 2016

PREGANDO O EVANGELHO EM TODO O MUNDO

 Evangelho do Reino pregado em todo o mundo

“E será pregado este evangelho do reino por todo o mundo, para testemunho a todas as nações. Então, virá o fim”. (Mateus 24.14) 

Uma coisa inegável é o tempo em que essa profecia seria cumprida. Pelo menos vinte versículos mais a frente, especificamente no versículo 34, o Senhor Jesus Cristo foi bem claro: “Em verdade vos digo que não passará esta geração sem que tudo isto aconteça”. Portanto, estamos aqui diante de uma profecia que foi cumprida no primeiro século, na geração dos discípulos de Jesus, dos quais muitos ainda estavam vivos quando viram o “fim” da era judaica na destruição de Jerusalém e de seu Templo. Esse é o famoso “fim da era” e não o “fim do mundo” físico como muitos admitem atualmente. Sendo assim, o evangelho do Reino já teria sido pregado por todo o mundo? 
A palavra traduzida como “mundo” em Mateus 24.14 é oikoumene em grego. Esta palavra poderia ter sido traduzida como “terra habitada”. Para os judeus do primeiro século, oikoumene não era uma referência ao planeta terra, mas era o Império Romano. Essa era a palavra que designava o Império dos Césares. Tanto é verdade que tempos atrás Lucas 2.1 era traduzido assim: “E aconteceu, naqueles dias, que saiu um decreto da parte de César Augusto, para que TODO O MUNDO se alistasse”. A palavra “mundo” aqui também é oikoumene. Sabendo disto, muitos tradutores acertadamente resolveram traduzir assim: “Naqueles dias, foi publicado um decreto de César Augusto, convocando toda a população do império para recensear-se”. Fica, então, evidente que o evangelho foi pregado em todo o Império Romano nos dias dos discípulos, como sinal da “vinda” de Jesus em julgamento contra Jerusalém, e não a segunda vinda no fim da história (ver Mateus 24, Lucas 21, Marcos 13). Diversas passagens do Novo Testamento indicam que o evangelho realmente foi pregado em todo o Império, ainda no primeiro século: 
“Primeiramente dou graças ao meu Deus por Jesus Cristo, acerca de vós todos, porque em todo o mundo é anunciada a vossa fé”. (Romanos 1.8 – o grifo é meu) 
“Mas digo: Porventura não ouviram? Sim, por certo, pois por toda a terra saiu a voz deles, e as suas palavras até aos confins do mundo”. (Romanos 10.18 – o grifo é meu) 
“Por causa da esperança que vos está reservada nos céus, da qual já antes ouvistes pela palavra da verdade do evangelho, que já chegou a vós, como também está em todo o mundo; e já vai frutificando, como também entre vós, desde o dia em que ouvistes e conhecestes a graça de Deus em verdade”. (Colossenses 1.5-6 – o grifo é meu) 
“Se, na verdade, permanecerdes fundados e firmes na fé, e não vos moverdes da esperança do evangelho que tendes ouvido, o qual foi pregado a toda criatura que há debaixo do céu, e do qual eu, Paulo, estou feito ministro”. (Colossenses 1.23 – o grifo é meu)
 “Mas o Senhor assistiu-me e fortaleceu-me, para que por mim fosse cumprida a pregação, e todos os gentios a ouvissem; e fiquei livre da boca do leão”. (2ª Timóteo 4.17) 
Agora, observe esta acusação movida contra Paulo e Silas quando eles pregaram em Tessalônica: 
“Esses homens que viraram o mundo de cabeça para baixo, chegaram também aqui” (Atos 17:6b – o grifo é meu). 
Paulo foi assim também acusado por Félix: 
“Temos achado que este homem é uma peste, aquele que atiça tumultos entre todos os judeus e em todo o mundo” (Atos 24.5 – o grifo é meu). 

Segundo o texto do Remanescentes da graça, adaptado por Daniel Plautz “pode-se sugerir que tais acusações eram exageradas, no entanto, são consistentes com as alegações do próprio Paulo. Ele admitiu que ele havia pregado em todo o mundo (Romanos 1.8). Esta maneira de falar não era nova, no primeiro século. Cinco séculos antes, Daniel previu o surgimento do Império Grego Macedônio dizendo que iria governar sobre toda a terra (Daniel 2.39). Ninguém acha que os gregos governaram todo o planeta; Daniel estava se referindo ao seu mundo. Em Gênesis, fala sobre uma fome que cobria toda a terra (Gênesis 41.57). Isso provavelmente não incluiu todo o planeta, apenas o mundo conhecido da época. 
Fontes extra-bíblicas refletem a mesma visão do mundo limitado. Em meados dos anos sessenta, como Herodes Agripa II proclamou aos judeus para evitar uma guerra com os romanos, ele descreveu o império várias vezes como abrangendo a terra habitável (oikoumene) implicando que o resto da terra era inconseqüente. Ele disse, porque todos os que estão na terra habitável são Romanos, e argumentou: Agora, quando quase todas as pessoas que estão sob o sol submeterem-se as armas romanas, vocês irão ser as únicas pessoas a proclamarem guerra contra eles?

1 . Agripa falou desta forma referindo-se a Etiópia, Arábia, Índia, e as pessoas além do Eufrates e os partos, no mesmo discurso. O general romano, Tito, se referia ao domínio de Roma, em termos semelhantes. Josefo (Historiador judeu do século I) usava rotineiramente o termo terra habitável ao se referir ao império. Aparentemente, em qualquer lugar fora do Império Romano foi considerado inabitável apesar de ter sido bem compreendido que em outras áreas eram habitadas. Os pais da igreja primitiva também se referiam ao império como o mundo inteiro muitas vezes. Alegaram ainda que a igreja havia sido dispersa por todo o mundo, até aos confins da terra.

2 . Clemente afirmou que Paulo havia pregado, tanto no leste quanto no oeste, ensinando a justiça ao mundo inteiro.
3 O autor da Epístola a Diogneto (c. 130 dC), escreveu: “Os cristãos estão espalhados por todas as cidades do mundo” (6.2). Irineu afirmou: “a nova aliança tem saído sobre toda a terra”

4 . Irineu também descreveu a perseguição no início como um movimento de toda a terra contra a Igreja. Eusébio continuamente usou também a palavra mundo para se referir a algo muito menos do que o mundo inteiro.

5 Ele disse que Cristo encheu o mundo inteiro com seus cristãos. No primeiro século a Judéia foi governada por Roma. Seu mundo era o Império Romano, e, tanto que Paulo estava preocupado, o evangelho tinha sido pregado a esse mundo em 57 dC. Não há necessidade de exigir um cumprimento moderno [para Mateus 24.14]. Assim, o fim chegou. Na primavera de 67 d.C., marcou o início de um período de três anos e meio de tribulação (Não a Grande tribulação) diferente de tudo que os judeus já haviam conhecido. Exércitos romanos invadiram a Palestina a partir do norte e começaram a queimar cidade após cidade, matando os habitantes, tornando-os escravos. Finalmente, no verão de 70 d.C., os sacrifícios judaicos de animais cessaram, e o templo foi completamente destruído. Obtenção de perdão através da observância da Antiga Aliança tem sido impossível desde então. Este foi o fim ou o fim dos tempos, Jesus estava se referindo [a] isso em (Mateus. 24:14 e 28:20)”. 

6 “...fazei discípulos de todas as nações...” “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século”. (Mateus 28.19, 20) Agora vem uma grande questão: “Estes versículos têm alguma ligação com Mateus 24.14?” É inquestionável que Mateus 24.14 teve seu cumprimento na geração dos discípulos. Todavia, não podemos limitar Mateus 28.19, 20 apenas ao primeiro século. É claro que aqui foi apenas o começo do cumprimento da grande comissão, a qual Jesus ordena fazer discípulos de todas as nações. Os discípulos cumpriram parte da grande comissão evangelizando e discipulando dentro do Império Romano. Em outro texto paralelo a Mateus 28, o evangelista Marcos nos mostra que a ordem de Jesus era para além do primeiro século e abrangia todo o planeta. Observe: “E disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura”. (Marcos 16.15) No grego, a palavra traduzida como “mundo” nesses textos não é “oikoumene”, mas é “kosmos”. Isto indica mundo físico, todo o planeta. Portanto, toda a terra tem de ser evangelizada e discipulada. Sobre isto, acertadamente disse o bispo Hermes C. Fernandes que “uma coisa é discipular as nações, e outra é pregar o evangelho do reino apenas para fins de testemunho. Quando Jesus afirmou que antes do fim daquela era (aión), o Evangelho do Reino teria que ser pregado em todo mundo (Oikumene), Ele não estava falando acerca do mandato de discipular as nações, a fim de que elas se rendessem à Sua soberania, e sim, acerca do testemunho que deveria ser dado a elas, antes que chegasse o fim daquela era. E isso foi cumprido no primeiro século, como já vimos através de algumas passagens bíblicas”. 


Carta à igreja de Laodicéia (3.14-22). "Laodicéia" significa direitos do povo, isto é, direito de o povo mandar: direitos humanos. E a igreja morna. Representa a igreja dos dias finais desta dispensação. Profeticamente, essa igreja é contemporânea da anterior - Filadélfia. Na igreja de Laodicéia a opinião do povo substitui a Palavra de Deus. Pela descrição fiel da igreja de Laodicéia pelo Senhor, nos versículos 15-18, vemos que ela é mais uma maldição para o mundo, do que uma bênção.

"não preciso de coisa alguma" (3.17). Ora, o crente fiel nunca está satisfeito no sentido de não precisar de mais poder, mais graça, mais humildade, mais sabedoria. Ele sempre quer mais. Mais de Deus, de seu amor, do seu Espírito, da sua Palavra, da sua graça, da sua comunhão, da sua santidade, etc. É o princípio da queda quando nos sentimos satisfeitos e ficamos inativos quanto à busca da face do Senhor. O verdadeiro crente clama como o Salmista: "como suspira a corça pelas correntes das águas, assim por ti, ó Deus, suspira a minha alma. A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando irei e me verei perante a face de Deus?" (SI 42.1,2). Jesus disse: "Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos" (Mt 5.6). Tem o leitor, agora, este tipo de sede e de fome espiritual? Isso deve ser normal a todo crente novamente nascido e renovado no Espírito. (Ler 1 Pedro 2.2.)

"Eis que estou a porta, e bato..." (3.20). Oh! o quadro mais triste do mundo! - Cristo expulso e desejoso de entrar! Expulso da nação israelita pela rejeição. Expulso do mundo pela crucificação. Expulso da igreja pelo mundanismo e modernismo. Mesmo assim, em todo o versículo 20 vemos o seu insondável amor por sua igreja.

"cearei com ele e ele comigo" (3.20). A ceia é a última refeição do dia. Assim, mesmo a um cristianismo morno, Jesus apela até o fim do dia da graça para que voltem a Ele. Isso também indica que o período da igreja de Laodicéia é o último do dia da graça, antes que venha a manhã de uma nova era para a Igreja. 112

A maior promessa a uma igreja. "Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono" (3.21). Graça maravilhosa! A maior promessa feita por Jesus às sete igrejas foi à de Laodicéia. Isso quer dizer que a igreja mais decadente e o crente mais distanciado, mais frio, podem alcançar o mais alto estado espiritual, se se arrependerem e andarem com Deus, como no princípio.

Jesus e seu trono, "sentar-se-á comigo no meu trono, assim como também eu venci, e me sentei com meu Pai no meu trono" (v. 21).



CARTA À IGREJA DE FILADÉLFIA



Carta à igreja de Filadélfia (2.7-13). "Filadélfia" significa "amor fraternal".

É a igreja avivada e missionária. Representa a igreja cristã nessa fase, a partir de 1750, especialmente nos séculos XVIII, XIX e início do século XX.

"a chave de Davi" (3.7). Isso é uma alusão ao reino prometido por Deus a Davi, conforme 2 Samuel 7.12,13, e que se cumprirá em Jesus - o descendente de Davi segundo a carne. (Ler Lucas 1.32,33.)

"tenho posto diante de ti uma porta aberta, a qual ninguém pode fechar" (Ap 3.8). Certamente é uma alusão ao sempre crescente movimento missionário dos últimos tempos, iniciado por William Carey em 1793, quando partiu para a índia.

"também eu te guardarei da hora da provação que há de vir sobre o mundo inteiro" (3.10). É uma das referências mostrando que a Igreja do Senhor nada tem com a Grande Tribulação. (Ler também 1 Tessalonicenses 1.10.) O texto mostra ainda que a Grande Tribulação terá alcance mundial, tendo seu centro na Palestina.



domingo, 9 de outubro de 2016

CARTA À IGREJA DE SARDES


Carta à igreja de Sardes ou Sardo (3.1-6). "Sardo" significa os que escapam ou os remanescentes. É a igreja morta. Representa a igreja do período 1517-1750. Em 1750 teve início a intensa fase contemporânea de evangelização e missões. O final do período viu homens valorosos na fé como Adoniran Judson, George Whitefield, John Wesley e outros.

"tens nome de que vives, e estás morto" (3.1). A morte na igreja de Sardo torna-se mais patente quando no início da carta o Senhor Jesus apresenta-se como "aquele que tem os sete espíritos de Deus", denotando, assim, multiplicidade e abundância de vida para uma igreja decadente e agonizante. A maneira de Jesus dirigir-se separadamente a cada igreja, revela muito do estado, da necessidade, e da oportunidade dessa igreja.


"não achei as tuas obras perfeitas diante de Deus" (3.2 -Versão ARC). O movimento da Reforma Protestante foi mais de obtenção de liberdade política do que religiosa. Surgiram após a Reforma dissensões internas entre os reformadores e entre as novas denominações. Por exemplo, na Inglaterra, entre os anos 1560 e 1700, houve muita porfia entre presbiterianos e congregacionais. De fato, o versículo 2 acima, fala de obras não perfeitas, ou não completas, e pode referir-se a isso.


terça-feira, 4 de outubro de 2016

ESTUDO SOBRE O LIVRO DE APOCALIPSE: CARTA À IGREJA DE TIATIRA



Carta à igreja de Tiatira (2.18-29). Tiatira é nome de difícil tradução. Assim se expressam abalizados eruditos como o Dr. Ironside. São duas palavras parecendo significar quem sacrifica sempre. É a igreja profana. Apesar de ser uma igreja caída espiritualmente, ela desfruta de progresso material. Sua decadência espiritual é patente nos versículos 20, 22 e 24. Representa a igreja dos anos 600 a 1517. No final desse período, a Reforma  Protestante tomou corpo e por fim eclodiu em 1517.

A falsa profetisa Jezabel (2.20). "Tenho, porém, contra ti o tolerares que essa mulher, Jezabel, que a si mesma se declara profetisa, não somente ensine, mas ainda seduza os meus servos a praticarem a prostituição e a comerem coisas sacrificadas aos ídolos." As doutrinas falsas sempre têm assolado a Igreja através dos séculos. Às vezes não são doutrinas totalmente falsas; são ainda piores: são adulteradas. Somente a visão do Espírito Santo pode dirigir os fiéis na separação entre "a palha e o trigo". O Diabo é pior quando vem como anjo de luz e ministro de justiça, do que como lobo devorador. No primeiro caso ele vem parecendo inofensivo, mas no segundo, vem rugindo, o que facilita a sua detecção. (Ler 2 Co 11.14.)

Jezabel é o terceiro elemento pernicioso citado nessas cartas às sete igrejas. Primeiro foram os nicolaítas (2.6); depois Balaão (2.14), e por último Jezabel. Esta era uma falsa profetisa de Tiatira. Muitas doutrinas e credos heréticos têm sido fundados e promovidos por mulheres, como a Ciência Cristã e o Teosofismo.


"Com cetro de ferro" (2.27). Isso é mais bem entendido à luz de 1 Coríntios 15.24-26: "E então virá o fim, quando ele entregar o reino ao Deus e Pai, quando houver destruído todo principado, bem como toda potestade e poder. Porque convém que ele reine até que haja posto todos os inimigos debaixo dos seus pés. O último inimigo a ser destruído é a morte".